Alma da Bola

alma=princípio da vida, sentimento, generosidade, coração
bola= artefato esférico de borracha ou de outro material, freqüentemente envolto de couro, que, em geral salta por efeito da elasticcidade, e é usado em diversos esportes

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Jornalista especializado em marketing esportivo. Gosta de história e de uma boa cerveja.

quinta-feira, junho 29, 2006

A história factual é o alimento da ignorância coletiva

“A História não fala dos que jogaram bonito, mas dos que foram campeões”. Muito infeliz esta declaração dita pelo técnico Carlos Alberto Parreira na entrevista coletiva após o jogo contra Gana.

Creio que o treinador imagine que seu feito em 1994 foi muito mais grandioso do que foi. E mais, no mínimo ele deve imaginar que o tetracampeonato é inesquecível e que outros grandes times que tivemos, como 1978 e 1982, não.

Mas saindo um pouco das quatro linhas e analisando a frase num contexto geral, a conclusão que chego é: pobre Parreira. É isso mesmo, sua opinião denota uma pobreza de espírito sem igual. Por causa dessas mentalidades pragmáticas e ignorantes que o futebol brasileiro vai perdendo cada vez mais sua fantasia, sua magia e sua identidade, construídas em anos de dedicação pelos heróis do passado. obviamente são os vencedores que ficam para a história, mas o que pode ser mais frio, desinteressante e pouco instigante que apenas a história factual?

Fatos servem apenas para alimentar cada vez mais a ignorância coletiva de um povo, já que para os eles não são necessários argumentos. Pouco nos encherá de orgulho, quando num futuro próximo, contarmos para nossos filhos e netos o que foi a Seleção de 2006, seja ela vencedora ou não, mas jogando sob essa “filosofia” do nosso grande treinador.

Talvez o maior erro de sua pífia declaração seja seu descaso em relação da importância do futebol para a população brasileira, se como forma de alienação ou de orgulho, para o bem ou para o mal não importa. Nosso futebol é um dos poucos orgulhos de um povo carente de orgulho como nós. As pessoas que fazem parte desse universo esportivo devem exercer uma de responsabilidade social junto ao povo brasileiro.

Como uma pessoa que possui tanto acesso à informação dá uma declaração tão individualista e desprovida de valores? Valores que, no mínimo, devem se fazer presentes para resgatar a nossa memória futebolística. Um país sem memória é uma das qualidades mais tristes que são atribuídas a nós, por nós mesmos. Uma bela contribuição de Parreira para revertermos esta situação.

Fora isso, os brasileiros foram novamente privados do belo em detrimento ao útil, mesmo sendo ele desagradável aos nossos olhos e orgulho. Espero que em uma próxima declaração, o técnico Pé de Uva, mesmo estando de saco cheio com tudo isso, demonstre um pouco mais de respeito às tradições futebolísticas do futebol brasileiro, e, se o time o não apresentar um futebol arte, não falte com a verdade e diga que jogamos mal porque não fomos capazes de apresentar algo melhor ou que o adversário não permitiu. E paremos de hipocrisias desrespeitosas.

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posted by Guy Júnior | 6:53 PM | 4 comments

segunda-feira, junho 12, 2006

Duelo de Leões


Na Copa do Mundo de 1990 a seleção de Camarões foi a que mais chamou a atenção na competição. Uma boa primeira fase, derrotando Argentina e Romênia e, uma partida inesquecível contra a Colômbia nas oitavas de final, quando Roger Milla, com seus 38 anos, roubou a bola no meio campo do performático goleiro René Higuita e partiu rumo ao gol, deram aos africanos a classificação e o rótulo de sensação da Copa.

Na fase seguinte o adversário seria a famosa Inglaterra. De um lado os Leões indomáveis de outro os Leões da Rainha um duelo que fez daquela partida a mais emocionante de toda da competição. Este jogo, o grande jornalista Paulo Vinícius Coelho – PVC – não colocou em seu livro Os 50 maiores jogos das Copas do Mundo, mas eu humildemente tomo a liberdade de comentar.

O Brasil já estava fora da Copa, e nosso interesse a partir daquele momento seria torcer pelos camaroneses. Nápoles foi o cenário escolhido, uma terra que ao alto tinha Deus (ou seria Maradona?) e o perigoso vulcão Vesúvio, abaixo o San Paolo, um dos estádios mais charmosos da bota, lá diversas torcidas, de países já desclassificados, se misturavam para incentivar os africanos. Como é curiosa esta tendência de se torcer para times de menor expressão no cenário internacional nos jogos da Copa do Mundo.

O favoritismo era todo inglês, mas a alegria e irreverência camaronesa chamavam para si os holofotes da partida. O time da Rainha começou melhor e uma cabeçada para o solo de David Platt, aos 25 minutos do primeiro tempo, após cruzamento pela esquerda do lateral Stuart Pearce, resultou no primeiro gol do jogo. Para muitos, o gol seria o prefácio de uma devastação inglesa que deixariam o time africano em ruínas como as de Pompéia, ali próximas.

Mas só o futebol pode oferecer respostas ilógicas onde a obviedade parece não existir. Em outras palavras só este esporte é capaz de surpreender, colocando em patamar de igualdade fortes e fracos, opressores e oprimidos.

No segundo tempo entrou em campo o atacante Roger Milla, que embora não tenha mudado a sorte de seu país naquela Copa, mudou a história e geografia do futebol e porque não do mundo.

Em um de seus primeiros lances, o experiente africano sofreu um pênalti de Paul Gascoine. A cobrança e o gol de Emmanuel Kunde, aos 16 minutos do segundo tempo, deram coragem aos Leões Indomáveis em acreditar que poderiam derrubam os poderosos ingleses. Os Leões da Rainha já não botavam tanto medo assim. Quatro minutos, em outra jogada, Milla recebeu a bola na meia lua e antes do bote do zagueiro Mark Wright achou Eugene Ekeke entrando em velocidade pelo meio e lançou, próximo à marca do pênalti, o atacante que havia acabado de entrar, matou o goleiro com um leve toque por cima.

Naquele momento o mundo se empolgou com uma inédita classificação de um time africano às semifinais. Mas parece que essa empolgação tomou conta dos africanos. Com dois pênaltis infantis os camaroneses entregaram a classificação. O segundo deles já na prorrogação quando em uma afobada e mal sucedida tentativa de ataque dos africanos, fez a bola caiu nos pés do inglês Paul Gascoine que viu um verdadeiro deserto do Saara no miolo de zaga camaronês e lançou o atacante Gary Lineker. O matador inglês entrou pelo meio driblou o goleiro, que o derrubou. O juiz mexicano Edgardo Codesal, assinalou a penalidade que Lineker não tripudiou e mandou um petardo no meio do gol.

Acabava o sonho africano. Começava uma nova era no futebol. A “África Negra” finalmente fazia sucesso com um selecionado. Naquele momento não eram os afrodescendentes de tantos países, como o próprio Brasil, que representavam o negro no futebol, mas os próprios negros e sua própria bandeira. Nunca me esqueço que uma edição da falecida (ou nem tão falecida assim) revista Manchete na semana seguinte trazia os Leões indomáveis sendo aplaudidos mesmo eliminados da Copa. No futebol nem sempre só os vencedores são aplaudidos pelo público, mas também os oprimidos que mesmo num mundo de enormes diferenças ainda conseguem ser bravos e corajosos. Esse dia, 1º de julho de 1990 pode não ter figurado na história do futebol para muitos, mas para mim e para todos aquelas 55 mil pessoas que estiveram no San Paolo foi simplesmente inesquecível.

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posted by Guy Júnior | 10:22 PM | 1 comments

domingo, junho 11, 2006

Um esporte, duas ou mais Almas

Durante esse mês estarei trabalhando em dois blogs, este e o seu irmão mais novo, o Alma na Copa. Aqui vocês continuarão lendo textos sobre futebol em geral e lá teremos resumos opinativos, na medida do possível e do ponderável, do que está acontecendo nos jogos da Copa. Espero que vocês, que sempre me dão o prazer das visitas aqui, também possam me visitar lá. almanacopa.blogspot.com.

Abraços a todos

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posted by Guy Júnior | 3:37 PM | 1 comments

quinta-feira, junho 08, 2006

Pilhas, procurem outro trabalho. O espetáculo acabou

Habitualmente, toda manhã faço uma rápida passagem (por volta das 6 e pouco da matina) nos portais de notícias da internet. Nesta quinta-feira tive o desprazer de deparar com uma péssima notícia. O site Terra destacava em manchete: “Radialista Fiori Giglioti morre aos 77 anos”.

Ao mesmo tempo fui tomado pela fusão de dois sentimentos, tristeza e boas lembranças. Fiori foi simplesmente o primeiro radialista que eu ouvi, isso já no final dos anos 80, quando comecei a perceber o quanto era apaixonado por essa coisa chamada futebol, e assim comecei a acompanhar suas irradiações pela rádio Bandeirantes. O costume de ouvir a emissora herdei de minha, ela mesma que, na final do Campeonato Paulista de 93 lavava roupas ouvindo seu inseparável rádio e a voz de Fiori. Num grito de gol o narrador a fez correr até a sala para ver o replay do gol de Zinho que abriria o placar naquela tarde inesquecível.

Não há como esquecer as célebres expressões desse Mestre da Narração. Elas insistem em não querer sair da minha memória. É como se agora eu estivesse as ouvindo. “Tempo Passa”, “Balão subindo e descendo”, ou uma das mais emocionantes de todas: “Crepúsculo de jogo”. Infelizmente um papel (ou uma tela, como queiram), com letras digitadas são incapazes de descrever toda a emoção que o narrador de era capaz de transmitir em suas entonações únicas.

Este momento pré-Copa do Mundo faz-me lembrar da Copa de 90, quando perdemos o célebre João Saldanha. Como é difícil encarar as perdas de pessoas que, de tanto compartilharmos a mesma paixão, parecem serem nossos familiares.

Um câncer na próstata e a complicação de uma cirurgia no intestino, levaram Fiori. Ele que tantas vezes era levado aos estádios, às praças ou aos lugares mais improváveis em radinhos de pilhas, e que contemplava as torcidas com seu grito de gol: “Bateu, é fundo, é gol....goool”. É, realmente o papel não pode descrever a arte de Fiori, mas que seu legado fique eternizado no imaginário de todos os torcedores. Pobre das pilhas que nunca mais serão responsabilizadas por levar ao Brasil a voz de Fiori. Que descanse em paz esse artista que poetizava o futebol para todos nós e, parafraseando o próprio: “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo torcida brasileira”.

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posted by Guy Júnior | 6:53 PM | 1 comments

segunda-feira, junho 05, 2006

Rodada de dúvidas

Onze perguntas sobre um time que muitas vezes esquece que do outro lado também existem onze jogadores.

1. Caso o Adriano fosse russo seria um bom jogador?
2. Com o dinheiro e a fama que Ronaldo possui não poderia aprender a cabecear?
3. Ao invés de jogar contra o Lucerna, se o Brasil jogasse com o Íbis no Arrudão não daria mais dinheiro?
4. Por que a Rede Globo faz coberturas bobas e os outros veículos vão na cola?
5. Por que o Galvão Bueno adora justificar os erros da Seleção, teria ele participação nos lucros da CBF?
6. Por que o Galvão Bueno, quando não tem mais argumentos para defender os erros da Seleção, mete o pau sem critério algum?
7. Não seria melhor que o Brasil jogasse contra as Ilhas Salomão (vice das eliminatórias da Oceania)?
8. Se o Brasil perder quem o Zagallo vai ter que engolir?
9. Quarteto Fantástico não é um gibi?
10. Sexta estrela tem quantas letras?
11. Se o Frank Sinatra pode comentar sobre cantar e o Ray Charles sobre tocar piano, por que o Pelé não pode falar sobre Futebol?

Onze respostas de alguém que nunca esteve entre os onze.

1. Se ele fosse russo seria Andriy, Adrian ou algo do gênero, ainda assim seria apenas mais um troglodita futebolístico.
2. Ah... para que ele precisaria disso, afinal o dinheiro ele já tem .
3. Pode dar mais dinheiro, mas jogar com o Íbis é mais perigoso.
4. Sinceramente eu não sei, só sei que os brasileiros adoram esse oba-oba.
5. Não, ele tem participação na Burger King.
6. Porque o negócio dele hoje em dia é hambúrguer.
7. Estão loucos? Depois de jogar com o Íbis, pegar Salomão poderia desgastar demais o time.
8. Ah, que engula os hambúrgueres do Galvão.
9. Sim, e que por sinal um dos membros é o Coisa.
10. Doze. Humm, vamos tentar novamente. “Sexta estrelas”. Agora sim... ops...tem alguma coisa errada.
11. Tanto Frank Sinatra quanto Ray Charles morreram e não podem mais comentar. Pobre do Pelé que nem vivo pode comentar sobre o que conhece tão bem.

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posted by Guy Júnior | 8:05 AM | 3 comments