Pilhas, procurem outro trabalho. O espetáculo acabou
Habitualmente, toda manhã faço uma rápida passagem (por volta das 6 e pouco da matina) nos portais de notícias da internet. Nesta quinta-feira tive o desprazer de deparar com uma péssima notícia. O site Terra destacava em manchete: “Radialista Fiori Giglioti morre aos 77 anos”.
Ao mesmo tempo fui tomado pela fusão de dois sentimentos, tristeza e boas lembranças. Fiori foi simplesmente o primeiro radialista que eu ouvi, isso já no final dos anos 80, quando comecei a perceber o quanto era apaixonado por essa coisa chamada futebol, e assim comecei a acompanhar suas irradiações pela rádio Bandeirantes. O costume de ouvir a emissora herdei de minha, ela mesma que, na final do Campeonato Paulista de 93 lavava roupas ouvindo seu inseparável rádio e a voz de Fiori. Num grito de gol o narrador a fez correr até a sala para ver o replay do gol de Zinho que abriria o placar naquela tarde inesquecível.
Não há como esquecer as célebres expressões desse Mestre da Narração. Elas insistem em não querer sair da minha memória. É como se agora eu estivesse as ouvindo. “Tempo Passa”, “Balão subindo e descendo”, ou uma das mais emocionantes de todas: “Crepúsculo de jogo”. Infelizmente um papel (ou uma tela, como queiram), com letras digitadas são incapazes de descrever toda a emoção que o narrador de era capaz de transmitir em suas entonações únicas.
Este momento pré-Copa do Mundo faz-me lembrar da Copa de 90, quando perdemos o célebre João Saldanha. Como é difícil encarar as perdas de pessoas que, de tanto compartilharmos a mesma paixão, parecem serem nossos familiares.
Um câncer na próstata e a complicação de uma cirurgia no intestino, levaram Fiori. Ele que tantas vezes era levado aos estádios, às praças ou aos lugares mais improváveis em radinhos de pilhas, e que contemplava as torcidas com seu grito de gol: “Bateu, é fundo, é gol....goool”. É, realmente o papel não pode descrever a arte de Fiori, mas que seu legado fique eternizado no imaginário de todos os torcedores. Pobre das pilhas que nunca mais serão responsabilizadas por levar ao Brasil a voz de Fiori. Que descanse em paz esse artista que poetizava o futebol para todos nós e, parafraseando o próprio: “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo torcida brasileira”.
1 Comments:
Na volta da Faculdade para casa, meu pai falou: "você viu quem morreu hoje?". Eu respondi: "sim. O Fiori, né?"...Meu pai:" lembrei da época em morava no sítio e o vó ouvia os jogos narrados pelo Fiori". Os personagens se vão, mas as histórias e as lembranças ficam.
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