Alma da Bola

alma=princípio da vida, sentimento, generosidade, coração
bola= artefato esférico de borracha ou de outro material, freqüentemente envolto de couro, que, em geral salta por efeito da elasticcidade, e é usado em diversos esportes

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Jornalista especializado em marketing esportivo. Gosta de história e de uma boa cerveja.

sexta-feira, abril 14, 2006

Genoveses e destemidos



Favoritos? Non, grazie!

reprodução www.vivapagliuca.com





Pagliuca, Mancini, Vialli, Lombardo e Toninho Cerezo, a Sampdoria do início da década de 90 dificilmente sairá do imaginário dos amantes do futebol. Vencedora do Scudetto da temporada 1990-91 o time era realmente fantástico. O disputadíssimo campeonato daquele ano contava com dois fatores que despertavam o interesse dos fanáticos torcedores: o já tradicional amor dos italianos pelo Calcio e a efervescência pós-Copa do Mundo que ainda agitava a “Velha Bota”.

Os favoritos? O Milan dos holandeses Van Basten, Gullit e Rijkaard, além do lendário líbero Franco Baresi; a Inter, que contava com o trio alemão, que acabara de conquistar o mundial: Mathäus, Brehme e Kilnsmann, mais o seguro goleiro Valter Zenga, o menos vazado da Copa; a Juve, La Vecchia Signora, que apostava nas estrelas italianas da Copa, a revelação Roberto Baggio e o artilheiro Salvatore “Toto” Schilacci; e mais ao sul um tal de Diego Maradona ditava o ritmo no Napoli, assessorado pelos brasileiros Careca e Alemão. Esses eram os grandes favoritos ao título.

Eis que surgiu em Gênova, terra de Cristóvão Colombo, um esquadrão azul, tão destemido quanto o navegador, a Sampdoria, ou simplesmente “Samp”. Não tomando conhecimento dos adversários, a equipe sagrou-se campeã do difícil torneio. Lembro-me muito bem o quanto era gostoso assistir aquelas partidas nas manhãs de domingo pela TV Bandeirantes, com narração de Silvio Luiz e comentários de Silvio Lancelotti. Meu pai sempre me fazia companhia bebendo um amargo e tradicional uísque. Eu tinha apenas 8 anos.

Encantei-me por aquele time. Sentia-me como se fosse um garotinho italiano, tendo nas figuras dos Gianlucas, Vialli e Pagliuca, e do carequinha Atílio Lombardo as representações de meus ídolos.Em maio de 1992, um chute do zagueiro holandês Ronald Koeman, do Barcelona, na final da Liga dos Campeões, em Wembley, acabaria com o meu sonho de ver a “Samp” ser campeã européia (jogaria contra o São Paulo na final Interclubes em Tóquio). Pagliuca esticou-se como uma lagartixa, mas a forte batida foi perfeita, acertando o canto direito alto do goleiro. Eu e os genoveses dormiriam tristes naquela noite.

Durante minha adolescência, o clube entrou em uma decadência, típica de clubes mal administrados do Brasil. Mesmo assim, ela ainda contou com grandes jogadores que posteriormente fariam sucesso em outras equipes italianas como o argentino Juan Veron e o sérvio Sinisa Mihailovic, na Lazio, e o atacante italiano Vicenzo Montella, na Roma. Na temporada 1998-99, apostou em jogadores como o argentino Ariel "Burrito" Ortega e o brasileiro Catê (ex- São Paulo) mas, não do rebaixamento para a série B, ao lado de Salernitana, Vicenza e Empoli.

Os amargos anos na segundona fizeram com que eu simpatizasse com outros times como a Fiorentina, da dupla Batitusta e Edmundo; o Parma, time da Parmalat; e a Roma, a campeã 2000-01. Mas sentia muitas saudades dos tempos em que aquele time azul de Gênova me emocionava. O time conseguiu voltar na temporada 2002-03, fiquei muito feliz, mas ainda com um pé atrás. Será que não seríamos rebaixados novamente? Com uma campanha regular, conseguiu permanecer na Serie A. Minhas esperanças se resumiam em vê-lo apenas se mantendo nesta divisão. Ganhar um novo Scudetto, é pouco provável, visto o time de estrelas formado por Milan e Juventus.

A quinta colocação na temporada passada (2004-05) poderiam indicar uma nova fase de sucesso. Ledo engano. A começar pelo empate em 0 X 0, com o rebaixado Bologna. O resultado tirou a possibilidade da equipe disputar a Liga dos Campeões.

Na temporada atual, um fiasco. A equipe sequer irá disputar a Copa da Uefa no que vem. A última alegria que me recordo foi a virada espetacular por 2 x 1 contra o Milan, em Gênova, no primeiro turno da atual temporada. Gols de Bonazzoli e Tonante. Mas pouco importa, o importante é ter sempre à mente o time de 1991. Avanti Samp!

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posted by Guy Júnior | 4:19 PM

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

(Estou em lágrimas, sem condições de continuar)

Avante, Samp!!!

Belo texto, cara. Aquele esquadrão estará sempre em nossa memória...

7:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

um timaço, sim... em Milão, venceu a Inter e o Milan. e no ano seguinte quase venceu o Barça e enfrentou o São Paulo no Mundial Interclubes.

mas, convenhamos, fogo de palha. a Samp só voltou a jogar bem em 1993-1994, com Gullit à frente. e depois morreu...

que seu blog pelo menos não morra assim...

abraço!

2:54 AM  
Anonymous Anônimo said...

Cara, bem-vindo ao mundo dos blogs. A propósito, gostei bastante do nome (a palavra alma é recorrente nas coisas que eu escrevo e estava inclusive no título inicial do meu livro). Já coloquei um link no meu blog.
Boa sorte!
Abraços

3:03 PM  
Anonymous Anônimo said...

Emocionante. Você sabe que eu não tenho time nenhum além do São Paulo, mas nessa época eu era mesmo fã do Milan. O Van Basten foi um dos caras mais impressionantes que já vi jogar. Pena que teve que parar tão cedo...

4:13 PM  

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